Pe. Léo, scj
Chega dessa espiritualidade de lixo, pois enquanto vivermos
essa espiritualidade de lixo e da superficialidade...
Jesus diz para nós categoricamente: “Eu vim para que todos
tenham vida”, eu acho que hoje Jesus mudaria um pouquinho a Palavra, ele talvez
dissesse a mim e a você: “Eu vim para que você tenha vida, e tenham a vida em
abundância, e tenham uma vida que valha a pena e não essa vidinha que você anda
vivendo por aí. Mas o próprio Jesus que veio para nos dar essa vida, ele nos
ensina que essa vida é conquista. E que nessa conquista a cura interior precisa
ser uma alavanca. E de modo especial e como nos diz no Salmo 36, que naqueles
momentos de tribulação e de dificuldade, de sofrimento e de dor. O que fazer
nessas horas? Se a cura interior não pode ser entendida como aquela oração
fraca, como essas orações de correntes de achar papel.
Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e
disse-lhes: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.” E, tomando consigo
Pedro e os filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se.
Disse-lhes, então: “Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai
comigo.” Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra assim
rezou: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça
o que eu quero, mas sim o que tu queres.” Foi ter então com os discípulos e os
encontrou dormindo. E disse a Pedro: “Então não pudestes vigiar uma hora
comigo? Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O Espírito está pronto,
mas a carne é fraca.”
Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: “Meu Pai, se
não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!”
Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam
pesados.
Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas
palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: “Dormi agora e repousai!
Chegou a hora: o filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores...
Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui.” (Mt26, 36-46).
Essa oração de cura interior que Jesus fez, pois essa é a
grande oração de cura interior de Jesus. Não era cura espiritual, pois Jesus
não pecou. Também não era cura física, pois ele não tinha nenhuma enfermidade
física. Jesus fez uma profunda oração de cura interior para nos ensinar a fazer
também essa oração de cura interior. Sabem por que muitos de nós ainda não
fomos curados? Porque nunca fizemos uma oração de cura interior seguindo o
modelo de Jesus.
É Jesus que diz para mim e para você: “Eu vim para que você
tenha vida, e a tenha em abundância”. É Jesus que em João 14-6 diz: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida”. Enquanto nós fizemos oração de cura interior
seguindo os gurus da Nova Era, nós podemos até sentir um alívio interior. Um
desabafo espiritual, mas não é cura interior. Cura interior é uma oração feita
a partir de uma suprema angústia. A segunda coisa, pela qual muitos de nós
ainda não fomos curados é que nós ainda não nos convencemos de que estamos em
uma batalha. Quando tem um jogo importante do Brasil em outro país que tem fuso
horário, muitos de nós pusemos o relógio a despertar e levantamos às três horas
da manhã para ver o jogo pela televisão. E ali na frente da televisão, podia
ser frio ou não, ficamos firmes, torcendo para que Ronaldinho fizesse gol.
Embora a grande responsável pelo sucesso do modelo do cabelo do Ronaldinho
fosse minha mãe. Quando éramos pequenos, mamãe mandava cortar nosso cabelo no
mesmo modelo.
Quantas vezes você levantou às três horas da manhã para
rezar um terço, para vencer a desgraça que está se abatendo sobre a sua
família? Não é errado, nem pecado levantar às três horas da manhã para assistir
um jogo. Isso é bom, e ficamos muito felizes com a vitória de nosso time. Mas
para libertar um filho da droga é muito difícil um pai ou uma mãe levantar três
horas da manhã para rezar um terço. Na Comunidade Bethânia tem filhos que estão
lá há mais de seis meses sem nunca receber ao menos uma carta da família.
Na hora da adoração ao Santíssimo tem pessoas, e, a maioria
jovens, que não conseguem ficar nem cinco minutos ajoelhados diante do Senhor.
Depois querem pôr a mão no ostensório como se fosse alguma coisa mágica. Nós
brincamos com as coisas sérias, por isso falta alegria. A alegria que tem que
brotar em nosso coração é fruto de sangue. Por isso há uma grande preocupação
quando se ensina oração de cura interior como se fosse uma coisa mágica, um
carinho que eu fico passando a mão na cabeça da pessoa e ela se comove. A vida
é dura e principalmente se a pessoa for mole. Se Jesus, que é o filho de Deus,
veio para nos dar a vida, e que tem palavras de vida, nos dá o pão da vida, é o
único que nos pode levar para a vida eterna. E se Jesus sentiu tristeza
profunda. Uma tristeza tão grande que se transformou em uma angústia suprema e
que chegou a suar sangue. Acredito que nunca nenhum de nós suou sangue. E só
quem falou que Jesus suou sangue foi Lucas, porque Lucas era médico e sabia
muito bem que quando uma pessoa chega a suar sangue é porque essa angústia,
essa tristeza já passou para o seu corpo. A tristeza espiritual, a tristeza
interior se traduz em uma tristeza física. O corpo somatiza essa tristeza.
Jesus se retirou e nós não nos retiramos. Nós não nos afastamos. Nós vivemos
num barulho danado, numa agitação, numa correria. Às vezes rezamos quinze
minutos por dia e achamos que Deus nos deve obrigação. Chega dessa espiritualidade
de lixo, pois enquanto vivermos essa espiritualidade de lixo e da
superficialidade, nós não chegaremos a mergulhar na cura que o Senhor quer
fazer. A cura interior não é opcional, Jesus veio para curar interiormente,
porque sem a cura interior não tem salvação.
O ministério da cura interior em Jesus é um ministério de
salvação, pois ele é o Salvador. Muitas vezes nós queremos um Cristo curandeiro
que não me compromete. Um Cristo que me ensine uma oração mole.
Jesus retirou-se com os doze. Grupo. E é a coisa que o
encardido mais está tentando destruir dentro da igreja são os grupos de
orações. E que tristeza, pois ele está conseguindo. Tem grupos hoje, que parece
uma assembléia, onde tudo está organizado. Desde a recepção até os avisos.
Fala-se muito e reza-se pouco. O que mais precisamos em um grupo de oração é um
pôr a mão no outro para rezar e interceder pelas pessoas. Precisamos deixar de
viver na lorota. Tem gente que pertence a tantos cargos e secretarias que não
tem tempo para fazer nenhuma oração.
È preciso que eu tenha um grupo. Jesus tinha um grupo de
setenta e dois discípulos com os quais ele rezava. Mas ele tinha o grupo dos
doze apóstolos para orações mais íntimas. Foi para eles que Jesus ensinou o Pai
Nosso, foi com eles que Jesus partiu o pão e instituiu a Eucaristia. Foi com
eles que Jesus instituiu o sacramento da reconciliação. Mas ainda dentro
daquele grupo que rezava com Jesus, ele tinha o seu grupo de cura interior. E
esse grupo era formado por Pedro, Tiago e João. Sabe o que mais me impressiona?
É que esses eram os três piores.
Em matéria de relacionamentos, eles são os únicos três que a
bíblia conta que tinham defeitos de relacionamentos. E para completar o quadro,
Jesus diz que o quarto está chegando. E qual era essa quarta pessoa? Era Judas.
Jesus tinha o seu grupo, dentro desse grupo tinha os três que eram os seus
verdadeiros amigos. Quem diz que tem muitos amigos não tem nenhum. Amigos de
verdade você tem que ter poucos, mas ter amigos diante dos quais eu possa
rasgar meu coração. As piores máscaras que existem são as máscaras espirituais
que criam corações mascarados. E corações mascarados, em pouco tempo tornam-se
corações empedernidos, corações feridos e machucados. E a ferida lá de dentro
não sai. Nós precisamos de pessoas, diante das quais nós podemos rasgar nosso
coração. Isso eu preciso na família, na comunidade e eu preciso na igreja
também.
Não acontece cura interior sem intimidade profunda. Amigo é
aquele que eu posso mostrar a minha fraqueza. Cronologicamente falando, essa
experiência de oração de cura interior de Jesus aconteceu na semana da sua
morte. Muito provavelmente na quarta ou na quinta-feira santa. Como é que esse
homem que assumia a missão de ser salvador do mundo saía convidando os
discípulos a pregar o seu nome como o Senhor e Salvador. Inclusive entre os
discípulos, aquele que ia assumir a missão de ser o seu sucessor. Jesus não tem
máscara e mostra seu coração diante daquele que ia ser o primeiro Papa. É por
isso que depois na cruz Jesus vai poder fazer oração de cura interior dizendo:
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. É também por isso que depois de
ressuscitado vem fazer oração de cura interior no coração de Pedro. Jesus está
nos mostrando que enquanto não entrarmos nesse processo de prostração... Quem
não se prostra diante de Jesus, se prostrará diante do encardido, e é esse o
desejo dele. Existem muitas pessoas prostradas na vida. Prostrar é deprimir,
desanimar... Sabem por que ficamos prostrados? Porque não nos prostramos diante
de Jesus.
Se abrirmos a bíblia, vamos perceber desde Gêneses, muitas
situações de pessoas limítrofes. E qual é a atitude dessas pessoas? Prostrar-se
em oração diante de Deus. Mas não uma oração fraquinha escondida lá no quarto.
Quem quer experimentar a graça da cura interior não pode se esconder tem que
tirar as máscaras.
Jesus embora não tivesse máscaras, teve que tira-las diante
de Pedro, Tiago e de João. Talvez tenha sido pedagógico que Jesus tenha
escolhido Pedro, Tiago e João para nos mostrar diante de quem ele se abriu.
Pedro, o único que o negou três vezes. Tiago e João
receberam de Jesus o apelido de Boanerges. Que quer dizer: Filhos do trovão.
Muitas vezes ficamos tristes porque alguém falou mal de nós. Jesus chamou os
dois de filhos do trovão. Trovão é feio e assusta, seria uma ofensa grande. E
para Pedro Jesus deu um apelido medonho. “Afasta-te de mim Satanás” Mt16. Mas
foi diante dessa trinca medonha que Jesus três vezes se prostrou em oração.
Parece até que as três vezes foram de propósito: sendo uma para Pedro, uma para
Tiago e outra para João. Talvez por isso que Paulo escreve em Gálatas que as
colunas da igreja são: Pedro, Tiago e João. Jesus se abriu com eles mostrando a
sua angústia, e pior, parece que os três não se importaram com Jesus, pois
dormiram as três vezes.
A primeira vez que Jesus se prostrou ele ficou uma hora.
Tente ficar uma hora prostrado com a cara enfiada no chão. Jesus se prostra e
abri o coração para o Pai. A dupla dimensão da cura interior. A cura interior
se dá através das pessoas, pois enquanto eu ficar escondido com as minhas
máscaras Deus não me cura. Não tem jeito de curar. Jesus praticou a cura
interior abrindo-se diante dos três piores apóstolos nessa área. Chorou diante
deles, desmoronou numa angústia suprema e rezou ao Pai. Abriu o coração, arrebentou
as máscaras do coração dizendo: “Meu Pai, se possível afasta de mim esse
cálice”. Jesus não foi para a cruz dando risadas não! Jesus veio para salvar o
mundo e coerentemente com a sua vocação e a sua missão por amar muito o Pai e o
mundo. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo15, 1).
Em conseqüência da coerência desse amor é que Jesus vai até o final e passa
pela cruz. A chegada da cruz teve Getsêmani. Esse Jesus que quer dar a vida a
mim e a você quer nos ensinar algo muito importante.
Se você é capaz de levantar às três horas da manhã para
assistir um jogo da seleção que não muda nada na sua vida. Se você conseguiu
fazer isso, é Deus dizendo a você que você vai conseguir até enfrentar uma
seleção muito mais difícil. A seleção dos traficantes, a seleção dos
“prostituidores”, a seleção dos “desempregadores”, a seleção dos “corruptores”.
Tem um monte de seleção que estão sendo treinadas para jogar contra você. Guga
foi o melhor tenista brasileiro, mas quando estava machucado não conseguia
ganhar.
Você nasceu para ser o melhor do mundo. Não no sentido de
ser melhor que o outro. Não temos que nos comparar com ninguém, mas nascemos
para ser o melhor para o mundo.
Você tem que ser o melhor marido para a sua esposa. O melhor
pai para os seus filhos. O melhor padre para a sua comunidade. O cristão tem
que ser melhor para... Mas ele está parando de ser melhor, está com o coração
ferido e machucado e por isso perde pra qualquer um que aparece na frente. A
derrota está dentro de você, não está fora. Nós estamos carregando a derrota.
Jesus está nos dizendo duas coisas fundamentais: Em primeiro lugar: Você tem
verdadeiros amigos? Não estou falando de colegas nem de conhecidos que me
aplaudem, e que puxam o saco. Isso é fácil. Quem diz ter muitos amigos, aqueles
amigos de festa, só das coisas superficiais, só para a euforia... Quantos
filhos chegam para mim e falam: “Ah pai, quando eu tinha dinheiro, carro, eu
tinha sempre muitos amigos. Mas depois que eu me contaminei, quando eu fiquei
sem nada, na hora que eu fui preso não apareceu nenhuma pessoa”.
Devemos louvar a Deus as situações difíceis em nossa vida,
pois é nessa hora que sabemos quem somos para os outros. Por isso nunca peça
para Deus tirar os problemas de sua vida. Peça sim a graça de superar os
problemas.
Deus me deu uma imagem e que eu deixei evoluir. A imagem de
um menino que depois de uma tempestade violenta, pela manhã, ele saiu na
varanda da fazenda e gritou com o seu avô:
Vovô! Corre aqui, venha ver que interessante! Como é que o
senhor me explica que essa figueira tão grande e forte, uma árvore dessa que
precisava quatro homens para abraçar o seu tronco de tão forte que ela era,
como é que essa figueira tombou vovô? O vento derrubou a figueira, mas como é
que aquele pezinho de bambu tão fininho não caiu?
O avô colocou o netinho no cangote, levou-o até a figueira e
mostrou a figueira.
_ Nossa vovô ela está oca!
_ É, com o tempo a figueira foi ficando oca.
_ Como? Não parecia!
_ É por causa da casca, meu filho! Tinha uma casca muito
grande e escondia o oco. Você olhava a figueira e só via a aparência. Achou que
era muito importante veio o vento e bummm...
_ É vovô, mas o bambu também é oco!
O avô levou o menino até o bambu e disse:
_ A primeira diferença: O bambu sabe que é oco desde
pequeno.
Então a primeira coisa que o bambu nos ensina é que desde
pequenos somos ocos. O que significa isso? Vazio para poder encher-se de Deus.
O bambu, sabendo que é oco e que é fraco, toma alguns
cuidados. A segunda coisa que o bambu nos ensina é que nossa vocação é o céu.
Todo bambu só cresce para o alto, ele sobe, você também. Ou você cresce para o
alto ou a tempestade vai lhe derrubar. Eu preciso ter uma meta. E é no alto que
está a nossa meta. Somos cidadãos do céu. Mas tem mais uma coisa: se ele quer
crescer muito, precisa ter raízes profundas e por isso ele vai se alastrando. O
tanto que o bambu cresce para cima ele vai também se alastrando na terra,
fincando raízes profundas e vai brotando, enchendo em seu redor.
Em Bethânia eu tenho um bambu chinês que levou alguns anos
começar a crescer. Ele leva muito tempo só criando raízes. E é nisso que o
bambu nos ensina, que se eu quero chegar lá no alto, eu preciso ter raízes
sadias e fortes. O que significam raízes? Raiz é aquilo que temos escondido.
A árvore, com o tempo vai envelhecendo, e as raízes começam
a aparecer. Conosco também é assim. As raízes são os vícios que vamos
escondendo. Eu tenho que deixar a graça de Deus penetrar em cada uma das minhas
raízes. A raiz é minha fé solidificada e alimentada pela leitura contínua e
constante da Palavra de Deus. A raiz é alimentada por um grupo que me sustenta
e me fortalece.
O bambu ainda nos ensina uma quarta coisa: Se eu quero
crescer para cima eu não posso criar galhos e por isso o bambu não cria galhos
como a figueira. Criar galhos significa dispersar nossos dons e nossos talentos
em coisas que não devem. Quantas pessoas se enroscam na vida porque estão
sempre amarradas em alguém ou em alguma coisa. Quanto mais galhos eu tiver mais
dolorosa será a poda. Os galhos são as coisas que vamos acumulando e se
apegando. A maioria dessas coisas não precisaríamos ter, são apegos
desnecessários. Quanto menos coisas a gente tiver, mais livre será.
Um sujeito foi procurar um mestre Guru para pedir ajuda.
Chegando lá e casa dele era uma tenda. O mestre convidou-o a entrar, ele
entrou, ficou olhando admirado, tinha um colchão no chão, duas cadeiras, duas
pedras, em cima uma panela, mais nada. Ele ficou impressionado com aquilo,
perguntou para o mestre onde estavam as suas coisas. O mestre deu uma risadinha
e fez a mesma pergunta.
_ Ah, mas eu estou aqui de passagem!
_ Eu também.
Nós estamos aqui de passagem e se queremos crescer para o
alto é preciso cortar os galhos. Crescer para o alto cortando as galhadas
significa investir a minha vida, e isso vale para tudo. Quantas famílias estão
cheias de dívidas e cheias de problemas porque não se unem. O bambu é oco desde
pequeno, querendo crescer para o alto ele cria raízes profundas, e não cria
galhos.
Se olharmos bem de perto para um bambu, vamos perceber uma
quinta coisa que ele nos ensina, que são os nós. O bambu cria nó, e enquanto
ele é mais frágil os nós são mais pertos um do outro. A partir do momento que
ele vai ganhando resistência os nós vão se distanciando e ficando mais fortes.
Os nós são os obstáculos e cada problema que eu supero na vida vai me tornando
uma pessoa mais forte.
Se o bambu não tivesse nós, ele seria lindo! Parecia um cano
de PVC, mas na primeira ventania ele racharia de cima até embaixo. É o nó que
dá resistência ao bambu, é o nó que faz o bambu ser forte e firme. Cada nó
significa um problema resolvido, um obstáculo vencido. Cada nó significa uma
pessoa que eu perdoei. E cada vez que eu perdôo e cada jejum que eu consigo
fazer significa um nozinho se formando e esse nozinho vai amarrando e dando
consistência. Eu preciso aprender com os nós que significam dificuldades
superadas. Problemas todos nós temos e precisamos aprender a assimilá-los e não
fugir deles. O mundo de hoje nos ensina a fugir dos problemas, mas Jesus nos
ensinou com sua pedagogia. Muitas vezes precisaríamos nos prostrar e chorar
nossas mágoas diante do Senhor.
No livro de Samuel 1, temos uma oração linda de cura interior.
Ana rezando, e quando o sacerdote pergunta se ela está bêbada, pelo jeito que
ela rezava. Ela respondeu que não estava bêbada, pois não havia bebido nenhum
tipo de bebidas, mas estava derramando a sua alma na presença do Senhor. E você
derrama sua alma na presença de quem?
A nossa caminhada é feita de etapas e cada problema deve ser
resolvido um de cada vez. Se você tiver trinta pratos para lavar, você vai ter
que lavar um da cada vez. E cada etapa vencida precisa ser celebrada. A cura
interior é um processo diário.
Ainda o bambu nos ensina uma sexta coisa que o avô falou
para o menino.
_ Olhe aqui meu filho. Esse bambu está só?
A primeira coisa que o bambu faz quando começa a crescer é
deixar o vento jogar sementes ao seu redor. Bambu cresce só em touça. E essa
touça é muito grudada, porque nenhum deles tem galhos e por isso vão se
grudando um no outro. Por isso quando olhamos de longe para uma touça de bambu,
parece maior que uma figueira e essa touça é muito grudada.
Primeiro: Porque nenhum deles tem galhos.
Segundo: Todos eles têm raízes profundas.
Terceiro: Porque todos eles têm uma meta que é crescer para
cima.
Quarto: Todos eles sabem que são ocos.
Quinto: Todos vão se grudando um no outro, porque aprenderam
a fazer isso consigo mesmo. Quem aprendeu a superar os nós, sabe também se
apoiar um no outro. O bambu se apóia em si mesmo pelos nós. Sabemos que
problema superado é vitória garantida. Quem não consegue cortar os galhos, não
consegue caminhar. Por quê as pessoas não conseguem viver em comunidade? Os
galhos são aqueles melindres bobos que temos por qualquer coisa. É aquele
emprego que você perdeu e fica o resto da vida se lamentando. Só não vive em
touça quem tem galhos demais, porque o galho de um cutuca o outro.
A primeira coisa que o bambu me ensina é que nasci oco, e
nasci oco para ser cheio do Espírito Santo.
O bambu nos ensina a ter uma meta, crescer para o alto,
nossa meta é o céu. E para crescer para o alto é preciso ter raízes profundas,
curadas e saradas. E para isso eu preciso cortar os galhos. E quais os galhos
que eu preciso cortar? Os vícios, as vaidades, o exagero. E com isso
transformar os nós em problemas superados e que vão criando a minha
resistência. É aprender a viver em touça. E por sétimo o bambu nos ensina que em
Deus tudo é perfeito.
O menino desceu do cangote do avô, o avô pegou um bambu,
entortou até o chão, soltou e o bambu voltou ao seu lugar. Essa é uma grande
lição do bambu. É ter a humildade de se curvar na hora da tempestade.
Todos nós precisamos nos curvar, e para nos ensinar isso o
primeiro a se curvar foi Jesus no Getsêmani.
Jesus pediu ao Pai: “Se é possível afasta de mim
esse cálice. Mas se não é possível que esse cálice passe sem que eu o beba,
faça-se a tua vontade”. Na oração de Jesus ele saiu do desejo, do querer e foi
para a vontade, e a vontade deve ser treinada, a vontade é na garra e na luta.
Oração de cura interior é treinar a minha vontade para Deus. É ter a coragem de
se prostrar e dizer: “Meu Deus! Eu preciso da tua graça. Meu Deus! Dai-me a
graça de aprender com o bambu. De crescer em touça, de perder os galhos, as
desnecessárias. Dê-me a graça Senhor de ser cada vez mais oco para poder
encher-me do teu amor."
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