Publicamos quase integralmente o texto da intervenção
intitulada: «Um nome para a eternidade. Breve teologia da vocação sacerdotal»,
que o arcebispo secretário da Congregação para a Educação Católica apresentou
no dia 2 de Julho, durante o encontro anual do «European Vocations Service»,
organizado na localidade de Horn (Áustria), pela comissão do conselho das
conferencias episcopais da Europa.
JEAN-LOUIS
BRUGUES
Cada vida
cristã é uma aventura. Ela começa a partir de um chamamento que o Senhor nos
lança no momento do nosso batismo. Nós passamos a nossa existência a decifrar
este chamamento: «O que o Senhor espera de mim?» e, sucessivamente, a
responder-lhe. A resposta positiva é-nos oferecida numa das mais bonitas
narrações de vocação, que encontramos na Bíblia. Ao menino Samuel, que tinha
ouvido pronunciar o seu nome várias vezes no meio da noite, o idoso Heli
aconselha a dizer: «Falai, Senhor; o vosso servo escuta!» (I Sm 3,9). Desta narração tiro quatro
sugestões de reflexão: a chamada ressoa no meio da noite e, por conseguinte,
conservará sempre, também diante dos nossos olhos, um aspecto misterioso e
incomunicável; ela pode ser dirigida cedo a nós na nossa vida (Samuel é muito
jovem); ela reveste sempre uma forma personalizada (Samuel é chamado pelo nome,
enquanto os outros nada ouvem); e uma terceira pessoa é necessária para a
autenticar, uma vez que ela ressoa na obscuridade (neste caso, o profeta Heli).
Para os
cristãos - repitamo-lo - o primeiro momento em que ressoa a chamada é o batismo.
No momento em que recebemos o nosso nome, Cristo escolhe-nos. Ele determina, se
assim posso dizer, a sua propriedade: que o saibamos quer não, quer o desejemos
quer não, nós somos seus. Como um Deus cioso, Ele sussurrar-nos-á até ao nosso
último suspiro: «Tu és meu, inteiramente meu. Tu pertences-me para sempre, e
jamais afastarei o meu Rosto de ti. Conservo gravado em ti um sinal indelével;
estipulei contigo uma aliança eterna. Tu podes fingir que nada ouviste, podes
afastar-te de mim, podes comportar-te como se este batismo nunca tivesse
existido, porque Eu amo unicamente homens livres. Tu podes mesmo correr o risco
da aventura comigo, podes corresponder à minha amizade por ti com uma amizade
por mim. No entanto, sabe que te dei um nome, e este nome caracterizar-te-á
para toda a eternidade».
A esta aventura, a tradição cristã confere o bonito
nome da santidade. A vocação à santidade percorre a Bíblia inteira: «Sede
santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2; quanto a nós,
poderíamos traduzir igualmente bem: «Sede santos, como Eu sou santo»). Esta
santidade poderia parecer terrivelmente distante, até mesmo impossível: como
imitar a santidade de um Deus que não se vê, que não pode sequer ser
aproximado, sob a pena de morrer? Mediante a sua encarnação, Cristo - Aquele
que é a imagem perfeita - tornou sensível a imagem do Deus invisível. Graças a
Ele, a santidade fez-se mais próxima, mais alcançável, diria mais familiar. «Eu
sou manso: também vós sede mansos». «Eu sou misericordioso: também vós sede
misericordiosos». Nós podemos declinar deste modo cada uma das
bem-aventuranças. Para os batizados, a santidade consiste, por conseguinte,
numa imitação da santidade de Jesus Cristo. O Concílio Vaticano 11 recorda de
maneira oportuna - porque este aspecto poderia ter sido anulado ao longo dos
últimos séculos - que a chamada à santidade se dirige a todos os batizados, sem
qualquer exceção: «Todos os fiéis cristãos, de qualquer condição ou ordem, são
chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» (Lumen gentium, 40). Para um batizado, a
santidade não constitui uma opção, mas uma obrigação.
Não obstante
a vocação à santidade se dirija a todos, ela reveste sempre uma forma
personalizada. Voltamos a encontrar aqui a importância do nome: Deus chama cada
um por nome, e cada um terá o seu próprio modo de responder a este chamamento.
A santidade é sempre singular: a diversidade extraordinária das personalidades
dos santos demonstra-o de modo oportuno. Neste sentido, as várias formas de
santidade pessoal não são comparáveis entre si; cada uma é única, cada uma
delas é original.
A chamada é
personalizada: «Tu, vem dentro de mim», tu, e não uma outra pessoa; a resposta
da nossa parte é personalizada pelo nosso temperamento, pela nossa história
individual e por todos os acontecimentos que teceram a trama da nossa
existência.
Por
conseguinte, nós passamos a nossa vida a decifrar a chamada do Senhor, ou seja,
o sonho que o Senhor alimentou para cada um de nós; transcorramos a nossa existência,
se pelo menos quisermos ser fiéis ao nosso batismo, a responder a este
chamamento. Vós bem sabeis que na Bíblia o nome resume sozinho a pessoa inteira.
Aqui, o nome
justifica uma personalização dupla. Personalização daquele que toma a
iniciativa de chamar: «Tu, Samuel», «Tu, Filipe», «Tu, pescador, que estás a
preparar as redes», «Tu, cobrador de impostos» - os Evangelhos sinópticos
tiveram o bom cuidado de citar cada uma das chamadas dirigidas aos discípulos.
E personalização daquele que é chamado. Assim, a vocação comporta uma vertente
dúplice: objetiva (o chamamento lançado) e subjetiva (a resposta oferecida).
Na narração
bíblica de Samuel, que deu início à nossa reflexão, entrevimos três
personagens: a criança, a voz que desperta e a terceira pessoa que interpreta. O
fato é que a aventura da vocação não se realiza com duas pessoas, como poderia
deixar crer uma abordagem individualista - eu e o meu Deus - mas com três. Quem
é o terceiro parceiro? Para responder a esta interrogação, é necessário
recordar que foi do agrado de Deus fazer da santidade pessoal uma aventura coletiva.
A esta aventura comunitária, nós damos o nome de Igreja. A Igreja não é senão a
aventura conjunta da santidade, em síntese, a aventura de toda a humanidade.
No Catecismo da Igreja Católica nos lemos:
«Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela "caridade, que jamais
passará" (I Cor 13,8), é o fim
que determina tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo que
passa... "A sua estrutura está completamente ordenada à santidade dos
membros de Cristo"» (n.773). A messe tem necessidade de trabalhadores, a
missão precisa de servidores. E por este motivo que o Senhor escolhe sacerdotes
para si. Ele chama homens para O reproduzirem no seu próprio ser - palavras,
gestos e até mesmo a identidade física - para agirem em seu Nome , tornando-se os
pastores do seu povo. «O presbítero é inserido sacramentalmente na comunhão com
o Bispo e com os outros presbíteros, para servir o Povo de Deus que é a Igreja
e atrair todos a Cristo» (Exortação Apostólica Pastores dabo vobis,12). Servir: eis, sem qualquer dúvida, a
palavra chave que nos permite aceder ao mistério do sacerdócio.
Por que
razão um, em vez de outro? Por que eu? Por que motivo fui chamado a tornar-me
sacerdote? Somente Deus conhece a resposta a estas perguntas. Aqui, seria
necessário recordar a bonita e difícil teologia da eleição. Com efeito, a
Bíblia leva-nos a ver que o Senhor sempre escolheu livremente, em conformidade
com critérios que não são os nossos, por vezes correndo o risco de nos
escandalizar. Por que motivo Israel, e não um outro povo? Além disso, este não
era o melhor dos povos.
Por que o
menor, e não o maior? Por que razão o mais jovem, que parece também o menos
experiente (cf. a escolha de David)? Deus escolhe com uma liberdade soberana.
Só descobrirei a razão da minha vocação sacerdotal quando me encontrar na sua
presença. E aqui, portanto, que se apresenta uma questão crucial: por um
lado, é necessário que eu me alicerce nas minhas intuições, nas minhas
aspirações, nos meus desejos e até mesmo nos meus sonhos, para descobrir que
Deus me chama para o seu serviço, sob esta modalidade de presbítero; por outro
lado, não devo fazer destes impulsos da minha personalidade algo absoluto, mas
sim submetê-los ao juízo de outro, da Igreja.
O profeta
Reli compreendeu que a voz vinha de Deus, mas o menino, que de resto tinha sido
escolhido, não o tinha entendido. Somente a Igreja pode autenticar esta chamada
e fazê-la sua A ela compete chamar ou não ao ministério presbiteral aqueles que
se sentem atraídos por Ele. Era pouco depois, do mês de Maio de 1968: o
arcebispo de Paris tinha sido convidado a particular numa transmissão
televisiva. Desejava-se interrogá-lo sobre a crise de ministério. Numa certa
altura, recordo-me muito bem, com a admiração dm demais participantes, o
arcebispo dirigiu-se para a telecâmara e, fixando os olhos no rosto dos
espectadores, proferiu estas palavras: «Tenho necessidade de vós! Admito!»,
como o teria feito e senhor da messe, da parábola evangélica. Ele tinha razão:
a Igreja chama ao serviço da sua missão o sacerdote de, qual ela tem
necessidade.
A propósito:
certamente conhecemos algumas daquelas situações afinal dramáticas, em que o
candidato traz consigo como que uma ferida a rejeição do bispo de o chamar.
Então, é grande a tentação de procurar outro bispo mais compreensivo ou menos
lúcido: estas demissões de seminário em seminário, conduzidas mais ou menos
honestamente, representam - digamo-lo com toda a franqueza - uma chaga para a
Igreja deste tempo.
Com efeito,
a Igreja discerne as vocações, a Igreja chama ao ministério presbiteral. A
Igreja forma os candidatos. Quando os bispos, em visita ad limina, vêm também à sede da Congregação para a Educação
Católica, nós repetimos sempre a mesma mensagem: a formação dos presbíteros é
deveras importante; colocai nos vossos seminários os melhores dos vossos
sacerdotes como educadores. Sem dúvida, estes sacerdotes farão falta na
pastoral imediata; no entanto, o porvir da diocese depende amplamente da
qualidade dos futuros sacerdotes.
Finalmente,
a Igreja confiará amanhã aos jovens presbíteros a missão que parecerá a mais
adequada às suas próprias capacidades. Fazer nascer, educar e lançar na vida: se
pensarmos bem, todas estas atividades são por sua natureza maternas. Portanto,
é necessário voltar a descobrir a dimensão maternal da Igreja. Uma lembrança
volta ao meu pensamento. Certa vez fui a um grande centro da minha diocese. Um
grupo de oito adolescentes preparavam-se para receber a confirmação - eram os
primeiros que tinham pedido para receber este sacramento, depois de vinte e
oito anos! Fiquei admirado diante da sua naturalidade, do seu bom humor e
principalmente da sua capacidade de rezar: eles entravam nas orações como um pato
entra na água! E perguntaram-me o que representava a Igreja para mim:
respondi-lhes que tinha aprendido a amar a Igreja como uma mãe. Eles gostaram
desta minha resposta. Por outro lado, a sua acompanhadora não conseguiu
conter-se e disse: «Como uma mãe? Eu nunca tinha pensado nisto. O senhor não
pensa que isto é um pouco obsoleto?». Não, não se pode saber o que é realmente
a Igreja, se não a considerarmos como a nossa própria mãe. E precisamente por
este motivo que o sacerdote é chamado a alimentar uma devoção particular à
Virgem Maria, Mãe da Igreja e por conseguinte sua própria mãe.
Pudemos
ponderar sobre a chamada em si mesma, lançada por Deus, sobre aquela que
quisemos denominar a vertente objetava da vocação. Mas ainda temos que meditar
sobre a vertente subjetiva. Por isso, levantam-se duas interrogações gerais:
como chegar à convicção de que o Senhor me chama verdadeiramente a esta
existência, neste caso, a tornar-me sacerdote? Como posso responder a este
chamamento?
Ainda: como
saber precisamente para o que o Senhor me chama? Como chegar a ter uma
convicção que apóie a minha decisão? Vós conheceis as respostas clássicas, que
têm todas a sua importância de verdade: rezar, pedir conselhos particularmente
no contexto da guia espiritual e sobretudo tornar dócil o próprio coração, de
maneira a torná-lo disponível e aberto à vontade divina.
Eu deveria
deixar de lado o apoio da comunidade - família, paróquia, movimento, etc.; por
um lado, vemos que o acompanhamento feito por estas comunidades é necessário, a
fim de que a vocação não se perca nas areias da solidão; por outro, sabemos
também que algumas famílias procuram principalmente desencorajar estas vocações
(“E um beco sem saída”, dizia uma mãe de família) e que às vezes as outras
comunidades cristãs hesitam em falar delas, embora as situações tenham evoluído
de maneira mais positiva nestes últimos tempos.
Mais uma
vez, a resposta sugerida ao jovem Samuel pelo profeta Heli parece-nos a melhor:
«Fala, Senhor, o teu servo está à tua escuta». Mas, exatamente, como Deus fala?
Ele constrói -se assim o posso dizer- setas de todas as madeiras, e indica-nos
o seu desígnio de muitas formas, por vezes das maneiras mais inesperadas. Um
livro, um filme - aqui, ou louvor especial a The Tree of Lifé, que
constitui um dos filmes mais cristãos destas últimas décadas um programa
televisivo - nos Estados Unidos até na imprensa se vêem anúncios publicitários
que exaltam a entrada no seminário ou numa casa religiosa -encontros
determinantes, um testemunho de sacerdotes que nos parece entusiasmante e digno
de imitação- a tristeza de um presbítero pode ser um contratestemunho. Eis, por
conseguinte, alguns dos sinais objetivos através dos quais o Senhor procura
fazer-nos conhecer a sua vontade a propósito de nós. Tudo se torna sinal de
Deus, para quantos dispõem o próprio coração em sintonia com a vontade divina.
No entanto,
existe "um sobre o qual eu gostaria de meditar um pouco mais. O melhor
sinal permanece a própria pessoa! Com efeito, é no conhecimento de nós mesmos
que descobrimos progressivamente que o nosso modo particular de viver o nosso
batismo passa de maneira obrigatória através de tal opção de vida. A nossa
índole, o nosso temperamento, as nossas aspirações -como dizíamos antes- os
nossos sonhos, em síntese, a nossa personalidade, são todos sinais do primeiro
discernimento. O antigo conselho que se encontrava escrito no pórtico do templo
de Delfi nada perdeu da sua atualidade: «Conhece-te a ti mesmo». Quem não se
conhece a si próprio, é incapaz de escolher. Equivocando-se acerca de si mesmo,
erraria necessariamente a respeito do seu futuro. Fazendo uma opção definitiva,
na realidade assumiria um compromisso por outro alguém, diferente de si mesmo:
compreender-se, antes de poder doar-se. Portanto, é necessário alcançar uma
maturidade real, antes de se decidir. Indubitavelmente, trata-se de um dos
principais desafios que a nossa sociedade lança à vocação sacerdotal. Ela, que
cultiva uma forma de indeterminação, uma espécie de imaturidade, deixando crer
que é melhor adiar quanto mais possível o momento da escolha, com a finalidade
de conservar a própria liberdade, ou ainda, que nenhuma escolha poderia ser
definitiva e comprometer para a vida inteira. Foi quanto eu mesmo aprendi,
preparando muitos casais para o matrimônio: hoje, como dizíamos, experimentamos
um sentimento muito forte um pelo outro. E eu perguntava-lhes: mas se amanhã,
como é inevitável, este sentimento se debilitar ou até mesmo desaparecer, o que
fareis? A resposta era sempre a mesma: se nos transformarmos a nós mesmos,
mudaremos também os nossos compromissos.
Daquilo que
acabei de afirmar, tiro uma conclusão pessoal: para cada um de nós só existe
uma única vocação. O Senhor não nos oferece um leque de possibilidades; não nos
encontramos equidistantes destas diferentes possibilidades: verdadeiramente uma
só nos é conveniente. Os moralistas explicarnos-iam que aqui não existe matéria
para a liberdade de indiferença. Portanto, a vocação não é uma chamada que
viria de fora de nós próprios, permanecendo alheia a nós mesmos; não, o Senhor
orientou todo o nosso ser em vista do chamamento que nos lança.
Fomos
concebidos e modelados em todas as fibras do nosso ser, em função desta
chamada. Com outras palavras, a vocação não encontra em nós seres
indeterminados, mas sim verdadeiramente programados - como se fala de programa
na genética - em função dela. Aqui utilizaria a expressão agostiniana de
predestinação, mas num sentido diverso do original: no que se refere à nossa
vocação, sim, nós somos efetivamente predestinados. Seria necessário citar aqui
o magnífico Salmo 139: «A palavra ainda não me chegou à língua, e já, Senhor, a
conheceis inteiramente. Vós cercais-me por trás e pela frente, e estendeis
sobre mim a vossa mão. Fostes vós que plasmastes as entranhas do meu corpo, vós
me tecestes no seio da minha mãe. Para onde irei, longe do vosso Espírito? Para
onde fugir, afastado do vosso olhar? Se eu tomar as asas da aurora, se me fixar
nos confins do mar, é ainda a vossa mão que lá me levará, é a vossa direita que
me sustentará». Um único chamamento na vida, e não outro. É Deus quem chama e
portanto não poderia, se assim o posso dizer, «des-chamar».
Se vós
compartilhardes esta convicção, sentir-vos-eis mais à vontade para responder à
segunda interrogação, que fizemos mais acima: por que responder sim ao Senhor?
Porque não se pode agir de outra maneira. E de modo algum porque o Senhor nos
impõe a sua vontade à maneira de um soberano arbitrário; podemos dizer não, mas
dizer não seria como negar-nos a nós mesmos, considerando que fomos preparados
para esta missão desde toda a eternidade. Como o diz ainda a Bíblia, diante de
cada um de nós, o Senhor dispôs uma escolha: entre a vida e a morte; somos
livres de estender a nossa mão para uma ou para a outra (cf.Eclo15,16-17). Mas escolher a morte
significa verdadeiramente escolher?
Por que devo
responder sim, se o Senhor me chama a tornar-me sacerdote? Muito simplesmente,
porque se trata da minha própria felicidade. Ser presbítero, para ser feliz.
Sem dúvida, este caminho inclui renúncias: ao matrimônio (mas de modo algum à
amizade), aos filhos (mas decerto não à paternidade espiritual), ao prestígio
social (mas para comunicar a vida do próprio Deus). Além disso, cada existência
humana exige renúncias. Ser feliz como sacerdote, não obstante estas renúncias,
ou até por causa delas, porque não existe maior felicidade do que dar a própria
vida pelos amigos. Preferir servir, porque servir é uma honra.
Para
terminar esta reflexão, gostaria de meditar sobre uma texto particularmente
emocionante. No dia 18 de Setembro de 1994, João Paulo II encontrava-se com os
jovens da diocese italiana de Lecce. E falava-lhes sobre a vocação, sobre todas
as formas de vocação. Esta meditação magnífica a propósito do vínculo existente
entre a vocação e a felicidade é válida também para nós: «O jovem começa a
programar a sua vida e vive com este desígnio, enquanto procura realizar este
projeto, preparando-se para a sua realização. Em síntese, isto chama-se também
vocação, porque aquele programa que tu querida jovem, tu caro jovem, julgas
como tua propriedade, provém também ao mesmo tempo de Deus, é sugerido pelo
Espírito Santo, e é necessário uma colaboração com o Espírito Santo para
identificar este desígnio, aprofundá-lo e em seguida realizá-lo bem, para
encontrar a felicidade, porque o projeto realizado traz consigo esta
felicidade, esta felicidade para a qual Deus nos chama. Todos nós somos
chamados para a felicidade em Deus, através deste nosso programa que provém
também dele. Nós aceitamo-lo e realizamo-lo, e depois ele encontra a sua última
etapa no próprio Deus».
L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, nº. 2171,
30-07-2011. Pp. 6-7.
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