Todos os homens são chamados ao
mesmo fim, o próprio Deus. Existe certa semelhança entre a unidade das pessoas
divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e
no amor. O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus. (CIC. 1878)
Novo Adão, na mesma revelação do
ministério do Pai e de seu amor, Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio
homem e lhe descobre a sua altíssima vocação. Em Cristo, imagem do Deus
invisível (Cl. 1,15), foi homem criado à imagem e semelhança do Criador. (CIC.
1701)
“Mestre onde moras?” (Jo.1,38).
Este questionamento dos discípulos mostra que estão interessados pela morada do
Senhor. A morada do Senhor é “O Caminho”!. Foi no caminho que Jesus se
encontrou com os discípulos, e é neste mesmo caminho que Ele faz o chamado
“Vinde e vede” (Jo. 1,39), mas, também é no caminho que este mesmo Senhor se
encontra com os pobres e necessitados de amor.
O vinde e vede é um convite
questionativo do Senhor, pois somente no seguimento eles (os discípulos)
poderiam saber mais do Senhor. Quando o homem se encontra com o amor
misericordioso de Cristo ele é impulsionado a deixar tudo e segui-lo. Somente o
amor de Deus nos faz deixar as “redes de nossa vida” para nos tornarmos
pescadores de homens.
A etimologia da palavra vocação
vem do verbo latino vocare, que significa “chamar”. É a tradução do termo
“vocatione” que quer dizer chamado, apelo, convite, convocação.
É uma iniciativa gratuita,
proposta que parte de Deus , que é a dimensão teológica. E impulso interior de
cada pessoa onde conscientemente responde ao plano de amor de Deus, que é a
dimensão antropológica.
Sendo que Cristo morreu por todos
e que a vocação ultima do homem é realmente uma só, a saber, divina, devemos
sustentar que o Espírito Santo oferece a todos, sob forma que só Deus conhece,
a possibilidade de se associarem ao Mistério Pascal.
“A nossa vocação é o maior de
todos os benefícios que recebemos e diariamente continuamos a receber do nosso
benfeitor, o Pai das misericórdias, pelos quais devemos render infinitas
graças; e quanto mais perfeita ela é, mais d´Ele nos tornamos devedores”.
(Sta. Clara de Assis)
O fundador da Obra, Pe. Gilson,
diz que são muitos os jovens que, quando se sentem chamados para uma vida
consagrada, têm como primeira atitude rejeitá-la, exclamando: “Isto não é coisa
para mim !”. É como se essa vocação fosse a pior coisa do mundo e por isso
mesmo jamais poderia aceitar.
Outras atitudes freqüentes são:
vergonha, o que vão pensar de mim?, a insegurança, o que vai ser de mim agora?,
a dúvida, será que não é coisa da minha cabeça? E principalmente do medo de
Deixar tudo. O medo é ausência do Espírito Santo.
Diante do chamado de Deus o que
nos resta a não ser permitir que o Senhor nos conduza, se Ele chama é porque
tem certeza que podemos ser resposta generosa a este apelo divino. A vocação é
o gesto de amor mais “escandaloso” de Deus para com o homem, é o Senhor
chamando-o para fazer parte de seu discipulado de amor.
O estado de vida consagrada
aparece, portanto como uma das maneiras de conhecer uma consagração mais intima
que se radica no batismo e se dedica totalmente a Deus, na vida consagrada, os
fieis de Cristo se propõem, sob a moção do Espírito Santo, seguir a Cristo mais
de perto, doar-se a Deus e amando-o acima de tudo, procurando alcançar a
perfeição da caridade a serviço do Reino, significar e anunciar na Igreja a
glória do mundo futuro. (CIC. 916)
O terceiro milênio aguarda a
contribuição da fé e da inventiva de uma multidão de jovens consagrados, para
que o mundo se torne mais sereno e capaz de acolher a Deus e, nEle, todos os
seus filhos e filhas. (VC 106 – João Paulo II)
Quando se fala em vocação vale-se
ressaltar que existem suas dimensões, são elas: dimensão humana, dimensão
cristã e dimensão específica.
Dimensão Humana: é dom
gratuito de Deus, o chamado à vida, a existência, um desenvolvimento da
dignidade humana. A vocação humana é fundamental, pois sem desenvolvê-la é
impossível sermos cristãos, pois antes de sermos cristãos, somos humanos; desse
modo, devemos desenvolver todas as nossas potencialidades que foram dadas por
Deus, para que haja um mundo mais justo e igualitário, portanto, o homem
precisa descobrir que primeiramente o Reino de Deus é algo que está em seu
interior.
Dimensão Cristã: o batismo
nos torna filhos de Deus. Todo batizado é chamado a seguir Cristo, sua Igreja e
Palavra. Ser cristão é uma urgência de todo batizado, é permitir que a força do
sacramento nos leve a radicalidade do nome cristão. Cristão é aquele que tem o
Cristo na alma. Essa dimensão tem que gerar no batizado o desejo de ser como
Cristo, em tudo fazer vontade do Pai.
Dimensão Especifica: é
a caracterização especifica de um estado de vida vocacional. Por exemplo, a
vocação laical, que são leigos chamados a santificar o mundo, os leigos são
especialmente chamados por Deus a tornarem a Igreja presente e operosa naqueles
lugares e circunstancias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da
terra (Pio XI, Encíclica Quadragésimo Ano). a vocação ordenada, que é
subdividida em três: diácono, presbítero e os bispos, e a vocação religiosa que
pela profissão dos conselhos evangélicos (pobreza, castidade e obediência) se
tornam almas esposas do Cristo Esposo.
A vida religiosa é a radicalidade
do batismo, é o chamado para ser um “outro Cristo”, como por exemplo, o
Seráfico Pai São Francisco e Santa Clara, que abraçando o Cristo-Todo
tornaram-se semelhante a Ele. “O mundo tem saudades de Francisco” (João
Paulo II)
Sabe-se que a Fraternidade O
Caminho é um Instituto de vida religiosa mista (irmãos e irmãs) onde seus
membros são consagrados a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos.
Os irmãos que tem o desejo do
sacerdócio serão acompanhados ao longo da formação, e num discernimento
estreito com o formador decidirão juntos tão sublime chamado. Sabendo que a
Fraternidade não é uma obra clerical e sim religiosa.
Mas também em torno da Obra há um
grande numero de leigos que vivem o carisma em sua casa, no trabalho, na
escola, ou seja, vivem no mundo. Esses leigos associados carinhosamente são chamados
“irmãos de aliança”.
A vocação na Obra é tida como um
comprometimento espiritual. Diante do Senhor Sacramentado todos os dias é
implorado para que Ele envie santas vocações à Igreja, à Obra. Antes da vocação
chegar até a obra ela já vai sendo gerada no coração de Deus para que permaneça
firme e fiel em seu santo propósito.
Na Fraternidade O Caminho não há
uma comissão vocacional nacional que acompanha as vocações, mas em cada casa de
missão (as fraternitas) tem um (a) irmão (ã) que é designado para o santo
oficio.
O acompanhamento vocacional para
a Fraternidade é algo sagrado, a vocação tem que ser bem acompanhada, seja para
a vida religiosa ou leigo associado, para que no tempo futuro dê fruto doce à
Obra e conseqüentemente à Igreja de Cristo.
Ao longo dos anos foi sentindo
essa necessidade de ter um (a) irmão (ã) responsável pelas vocações. Esse irmão
(ã) não só acompanha o candidato, mas conhece sua vida, sua família, enfim, sua
caminhada na Igreja.
Quando o candidato manifesta o
desejo de viver como a Fraternidade vive, nesse instante começa o chamado
discernimento vocacional, onde ao longo do tempo juntos em oração e direção
escutarão a voz do Senhor.
- O acompanhamento é realizado por um irmão (a), de no mínimo seis meses, sendo que aqueles que já tiveram uma outra experiência consagrada como por exemplo convento, seminário e diocese, esse tempo perdurará por no mínimo hum ano.
- O contato vocacional do candidato com a obra, tem que ser feito por e-mail, carta, telefone ou se dirigir em uma de nossas fraternitas. Esse contato tem que ser constante e fundamentado na virtude da honestidade.
- Para o inicio do acompanhamento é necessário escrever uma carta de auto-apresentação contendo um pouco da historia de vida e vocacional, o tempo de caminhada na Igreja e como foi a conversão, relatar sobre o convívio familiar e vida afetiva, onde e como conheceu a Fraternidade e o nome da pessoa que apresentou.
- Se ao decorrer do acompanhamento, o candidato decidir ingressar na Obra com a permissão do (a) irmão (ã), ele será recebido como um vocacionado interno, sendo acompanhado mais de perto.
- É necessária a carta de apresentação e recomendação (de preferência um clérigo) do candidato.
- O acompanhamento é realizado pelo coordenador dos leigos, pois em cada fraternitas tem uma pessoa ou um casal responsável pela comunidade dos leigos.
- A pessoa que pretende abraçar tal vocação é convidada a estar perto da Obra antes de se decidir pelo acompanhamento.
- É pedida ao candidato uma carta de auto-apresentação, histórico de conversão e tempo de caminhada na Igreja.
- Então se faz uma experiência de um ano, envolvendo-se nos diversos trabalhos e depois disso, se este for realmente o desejo de sua alma, a pessoa faz suas promessas diante de toda a comunidade.
- Mesmo depois das primeiras promessas o leigo associado continuará sendo acompanhado, seja pelo coordenador, ou por um (a) irmão (ã) religioso (ã).
Só há seguimento quando há
renúncia e Cruz.. Como dizia São Luís Maria Grignon de Montfort: “Nem
Jesus sem a Cruz e nem a Cruz sem Jesus”. Coragem, vale a pena ser de Deus!
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