Cantos Gregorianos - Salmos

domingo, 11 de maio de 2014

A Identidade do Discípulo

Discípulo - discipulado


 “Que ninguém se esquive aos esforços das boas obras, alegando-se incapaz de executar essas ações que salvam a alma, pois Deus não ordena aos seus servos nada que seja impossível. Ele nos deu o exemplo de seu amor e de sua bondade divinos, ricos e generosamente dispensados a nós e concede que cada um, conforme a sua vontade, faça o bem que pode. Nenhum dos que desejam ardentemente ser salvos será frustrado. “Quem der”, diz o Senhor”ainda que seja um copo de água fresca a um dos meus, por ser meu discípulo, em verdade eu vos digo, não perderá a sua recompensa”(Mt 10,42).
Que haverá de mais fácil que esse mandamento? Por um copo de água fresca, uma recompensa celeste. Vede pois a imensidade desta “filantropia”; “o que fizestes a um destes”, diz ele, “é a mim que o fizestes”(Mt 25,40). O mandamento é pequeno, mas o salário da obediência é grande: ele é pago por Deus com generosidade.

[Note-se que este texto insiste na ação do homem, que acolhe o que foi ordenado pelo Senhor, isto é, os seus mandamentos, como “boas obras”, que tem o poder de “salvar a alma”. Este é o bem que cada um deve fazer: imitá-lo. Para ser salvo, é preciso somente por em prática um seu mandamento, ainda que tão pequeno, como o de “dar um copo d’água fresca. Por esta ação, que é obediência a um mandamento de Cristo, e pelo seu imenso amor, Ele se faz presente na pessoa a quem acolhemos. E o “salário da obediência”, isto é: a benção prometida, o dom da vida divina, também começará a realizar-se, no mesmo momento].



Mt 10, 37-42:  Fidelidade total na sequela de Cristo ocasiona dificuldades e perseguições. Aceitar o discipulado cristão, sem condições e com todas as implicações que traz consigo, é tomar a cruz sobre os ombros. Discípulos de um homem que morreu na cruz. Por isso o dito de Jesus várias vezes repetido: v.39 quem procura conservar a sua vida, vai perde-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontra-la.  Por isso a identificação com Cristo, ocasionando o “sacramento” da hospitalidade v.41. !Quem vos recebe a mim recebe e aquele que me enviou. Quem recebe um profeta .... quem der um copo d´agua a um desses...


Mc 2,14: “Quando ia passando viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: segue-me. Ele se levantou e o seguiu”.
“Soa o chamado, e imediatamente segue o ato obediente daquele que fora chamado. A resposta do discípulo não é uma confissão oral da fé em Jesus, mas sim um ato de obediência. Como é possível essa seqüência imediata de chamado e obediência? Para a razão natural, isso é chocante, e ela se esforça para separar estes elementos tão intimamente ligados; é preciso interpolar, explicitar qualquer coisa, seja como for, há que se encontrar uma intermediação psicológica, histórica. ..O texto porém, mantém-se teimosamente mudo acerca deste ponto, dando toda a ênfase à seqüência imediata de chamado e ação. Não lhe interessavam razões psicológicas para explicar as decisões piedosas de um homem. Por que não? Porque para esta seqüência de chamado e ação só existe uma razão válida: Jesus Cristo. É ele quem chama e por isso o publicano o segue. ..O fato de Jesus ser o Cristo dá-lhe todo o poder para chamar e exigir obediência à sua palavra. Jesus chama ao discipulado (seguimento) não como ensinador (professor) e exemplo, mas na sua qualidade de Cristo, Filho de Deus.


“O chamado ao discipulado é, portanto, comprometimento exclusivo com a pessoa de Jesus Cristo, a subversão de todos os legalismos, mediante a graça daquele que chama. È chamado da graça, mandamento gracioso. Fica além do antagonismo de Lei e Evangelho. Cristo chama; o discípulo segue; isso é graça e mandamento num só. “E andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos” (Sl 118,45).
Discipulado é comprometimento com Cristo; por existir Cristo, tem que haver discipulado. Uma concepção de Cristo, um sistema doutrinário, um conhecimento religioso geral de graça ou de perdão, não implicam necessariamente no discipulado; na realidade, excluem-no, são-lhe hostis. Com a idéia pode-se ter uma relação de conhecimento, de admiração - talvez até mesmo de realização - mas nunca a relação de discipulado pessoal e obediente. Cristianismo sem Jesus Cristo vivo, permanece necessariamente um cristianismo sem Jesus Cristo; é uma idéia, um mito. Um cristianismo no qual só existe Deus Pai, mas não existe Cristo como Filho vivo, exclui o discipulado. Somente por o Filho de Deus ter sido feito homem, por ser Mediador, é que o discipulado constitui o relacionamento correto com ele. O discipulado está relacionado com o Mediador, e, onde quer que se fale corretamente do discipulado, aí se fala do Mediador, Jesus Cristo, Filho de Deus. Somente
O discipulado sem Jesus Cristo é a escolha pessoal de um caminho talvez ideal, um caminho, quem sabe, de martírio, mas não encerra promessa; Jesus o repudiará.


 “Ser discípulo significa dar determinados passos. Logo o primeiro passo que segue ao chamado, separa o discípulo da sua existência anterior. Assim o chamado ao discipulado cria imediatamente uma nova situação. Permanecer na situação antiga e ser discípulo é impossível. A princípio isso era bem evidente. O publicano teve que abandonar a coletoria; Pedro teve que largar as redes, para seguir a Jesus. Segundo o nosso entendimento haveria outras soluções: Jesus poderia ter proporcionado ao publicano um novo conhecimento de Deus e permitir que ele continuasse no seu antigo lugar. Isso seria perfeitamente posível se Jesus não fosse o Filho de Deus feito homem. Como, porém, Jesus é o Cristo, havia que se tornar claro que sua mensagem não é uma doutrina, mas nova criação da existência. Tratava-se de caminhar realmente com Jesus. Aquele que era chamado compreendia que, para ele, só havia uma possibilidade de fé em Jesus, a saber, abandonar tudo e ir com o filho de Deus feito homem”.

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