Cantos Gregorianos - Salmos

sábado, 31 de maio de 2014

Cartuxos (um oásis no meio do deserto) IV

N a  o i t a v a   d a   p u r i f i c a ç ã o  

“Contemplemos na Purificação a festa do sacerdócio da Santíssima Virgem. Em 1º lugar debrucemo-nos sobre o que conhecemos pela Escritura acerca dos gestos de Maria nesse dia. Chega diante do Templo uma jovem mãe trazendo envolta nos véus o Menino Jesus. José acompanha-a, levando duas rolas numa gaiola e cinco moedas de prata numa bolsa. Entrega uma rola ao sacerdote que é aspergida com água lustral. Depois sobe mais alguns degraus e oferece as cinco moedas e outra rola. Finalmente entra no Templo, e ei-la na presença do Pai para quem ela estende o seu filho – o Filho de Deus e seu filho também. E , n e s s e  p e q u e n o  s e r , está contida toda a humanidade: todos os esforços, todos  o s  s o f r i m e n t o s , todas as alegrias dos cristãos, estão já no coração de Jesu s , e M a r i a  o f e r e c e ao Pai todos os filhos que virá a ter. Pensa nisso, seguramente , e  s a b e  q u e  este seu gesto tem um alcance e um valor infinitos. Nesse  m i n u t o , já ela nos amava no seu coração virginal e nos oferecia ao Pai . Toda a nossa vida deve consistir em nos preparamos para sermos oferecidos deste modo. Todas as nossas ações e pensamentos devem ser tais que a Virgem Santa os possa apresentar a Deus. A primeira condição é levar uma vida pura e reta. A segunda exigência é a solidão do coração. O nosso coração é um templo maior que o de Jerusalém. Devemos estar neste templo a sós com Deus e com a Virgem Santa; porque a virgem não perturba a solidão com Deus; ao contrário, assegura-a. É preciso que reine um grande silêncio e uma grande paz, sobretudo, que se evitem discussões. Se fizermos juízos sobre os nossos irmãos, se interiormente estivermos ocupados em queixarmo-nos, em comparar situações e pessoas, então o templo do nosso coração não estará tranquilo. Não só o nosso coração não deve estar ocupado por preocupações estranhas, como é preciso que o não esteja inclusivamente pelas próprias. Devemos lamentar os nossos pecados sim, mas sobre tudo fazer o possível por sermos cada vez melhores. É em Deus que devemos pensar e não em nós mesmos. Enquanto nos inquietarmos por coisas supérfluas, Maria não poderá exercer em nós o seu sacerdócio virginal. A terceira condição é estar perto do abandono, condição para que a alma se torne oferenda a Deus nas mãos de Maria. Devemos fazer-lhe o dom dos nossos cuidados, entregar-lhe a solução de todos os casos, devemos atingir a despreocupação de criança. O Evangelho intima-nos a isso com tanta insistência que faz parecer tímidas todas as palavras humanas a este respeito. Pedro, no capítulo V da sua primeira Epistola, sintetiza-as num preceito:
 L a n ç a i  t o d o s  o s  v o s s o s  c u i d a d o s  e m  D e u s . Ponhamo-nos de olhos fechados entre as mãos da Virgem Santíssima para que ela cuide de nós e nos ofereça a Deus. Nenhum juízo deve ser feito sobre as perfeições dos nossos irmãos, isso é outra coisa que será bom abandonarmos a Maria. Àquele que se abandona deste modo, posso garantir que a Virgem não tardará em tomá-lo nos seus braços e em o elevar até ao Pai…
T o d a  a   arte  d e  p a s s a r  d e s t e  m u n d o  p a r a  D e u s  se resume em fechar os olhos e entregar o leme à Maria. As três condições do sacrifício mariano andam sempre juntas e são inseparáveis por natureza. Ao agirmos assim, Ela então pegar-nos-á e cada uma das nossas ações oferecidas por ela ao Pai terá um valor infinito. Já não há pequenas coisas, tudo é imenso porque está nas mãos de Maria. Para uma alma assim, o que poderá parecer uma montanha não passará de um incidente insignificante.

por:  Victor Henriques 

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