Falar da espiritualidade e do
ideal da Cartuxa é dirigir singelamente um olhar agradecido para a rocha de que
fomos talhados, para nosso pai São Bruno. Este nome evoca, para nós, suas
filhas, aquele homem de coração profundo que se deixou seduzir pela Absoluta
Bondade de Deus e, renunciando a um brilhante porvir, retirou-se ao deserto de
Chartreuse. Ali, permanecendo à escuta do Espírito, concedeu ao Amor o direito
de ser o tudo de sua vida e esse Amor, extravasando do coração de Bruno e
impregnando os corações dos irmãos que com ele viviam no deserto, criou entre
eles um vínculo indestrutível de caridade que nos transmitiram através dos
séculos.
"Amor a Deus no
deserto" e "amor às irmãs que compartilham nosso deserto" são os
dois pólos fundamentais da vocação cartusiana. Nossa vocação não costuma ser
muito conhecida no que tem de mais peculiar, e se é com razão que nos
consideram “monjas contemplativas", pois o somos, é muito importante
adicionar algo essencial de nossa vocação: somos "uma comunhão fraterna de
solitárias".
Procurar a união com Deus no
silêncio e na solidão é nosso principal empenho e o ideal de nossa vocação. Por
isto, a solidão impregna nossa existência interior e exterior. Nossos mosteiros
se constroem, deliberadamente, em lugares apartados de toda população. As celas
se encontram acondicionadas como ermidas, oferecendo assim a cada monja a
possibilidade de uma autêntica vida solitária. Uma Cartuxa reproduz, hoje em
dia, o que foram no Egito as "Cavernas" no princípio do monacato
cristão.
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